quarta-feira, 9 de julho de 2014

Exegese de Daniel 4,9 (O sonho de Nabucodonosor)

Daniel 4.9: “Beltessazar, príncipe dos magos, eu sei que há em ii o espírito dos deuses santos, e nenhum segredo te é difícil; dize-me as visões do meu sonho que tive e a sua interpretação. ” Nabucodonosor afirma diante de Daniel que havia tido um sonho que era de caráter significativo. Ele reconhece que “o espírito dos deuses santos” (A Trindade) operava em Daniel constantemente. Essa frase do monarca babilônico poderia ser parafraseada como “aquilo que pertence à verdadeira deidade pode ser encontrado em Daniel”. Dois pontos focais devem ser analisados neste versículo ainda: l) Talvez o monarca não tivesse convocado logo a Daniel (pensam alguns), não porque o tivesse esquecido, mas por haver percebido que o sonho dizia respeito à sua humilhação, que teria de sofrer nas mãos do Deus dos deuses. A expressão usada por ele: “o espírito dos deuses santos”, refere-se realmente às três pessoas em que subsiste a Divindade: Pai, Filho, e Espírito Santo. Mas, em virtude da ex pressão ter saído dos lábios dum rei pagão, os escritores clássicos acharam por bem traduzir por “deuses”, em lugar de “Deus”. 4.10: “Eram assim as visões da minha cabeça, na minha cama: eu estava olhando, e vi uma árvore no meio da terra, cuja altura era grande. ” “...uma árvore no meio da terra”. O presente versículo relata o início do grande sonho do monarca babilônico. O rei viu aquela árvore no “meio da terra”, isto é, a árvore ocupava sobre a terra uma posição central que assim atraía a atenção de Nabucodonosor. Os antigos tinham em mente que o centro do globo terrestre se situava em Paris, capital da França, na Europa Ocidental. Outros, porém, imaginavam que o centro da terra era na planície onde foi construída a célebre “Torre de Babel” (Gn 11.2-9). É evidente que a expressão “no meio da terra”, do texto em foco, refere-se a grande capital do Império Babilônico. A vi são do rei Nabucodonosor, em inferência, nos faz lembrar do Grande Trono Branco contemplado por João, quando se encontrava na ilha de Patmos (Ap 20.11). Ali o Trono é Grande! é de vastíssimas dimensões, enchendo o campo inteiro de nossa visão; expulsa da vista todos os outros ele mentos; ameaça; deixa a mente atônita, etc. 4.11: “Crescia esta árvore, e se fazia forte, de maneira que a sua altura chegava até o céu; e foi vista até os confins da terra. ” (...a sua altura chegava até o céu”. A natureza do sonho do monarca segue um paralelismo no planejamento da construção da Torre de Babel. O texto de Gênesis 11.4 mostra bem para nós o significado do pensamento: “E disseram: Eia, edifiquemos nós uma cidade e uma Torre cujo cume toque nos céus...” Aquele grupo rebelde foi humilha do diante da sentença poderosa de Deus; Nabucodonosor foi também humilhado, e aquela grande árvore foi derrubada por terra; os homens sempre tentaram um caminho para o céu, mas sem ser o da cruz de Cristo! Mas falharam. Ninguém jamais poderá transpor os umbrais da cidade do Senhor, se não nasceu de novo, como nos ensinou nosso divino Mestre (Jo 3.1-5). Pode construir Torre até os céus; pode sonhar com árvore até o céu; mas a entrada lá só será possível por meio do precioso sangue de Jesus Cristo, nosso Senhor. (Ver Jo 14.6; 1 Tm 2.5). 4.12: “A sua folhagem era formosa, e o seu fruto abundante, e havia nela sustento para todos; debaixo dela os animais do campo achavam sombra, e as aves do céu faziam morada nos seus ramos, e toda a carne se mantinha dela. O versículo em foco e outros correlatos descrevem a grande prosperidade do reino babilônico, incluindo a pessoa do rei Nabucodonosor. O reino deste monarca caldeu foi sem dúvida alguma muito grande em magnificência: grande em extensão, e grande em crueldade! Podemos observar porque aquele reino era tão grande em crueldade: 1) Nele havia um “forno de fogo ardente”. 2) Nele havia “covas de leões bravos”. 3) Nele era desenvolvida a magia negra, e outros tipos de heresias eram também ali praticadas em forma crescente. A grande Babilônia corrompeu a to dos os habitantes da terra; a Babilônia escatológica fará o mesmo e mais ainda (Ap caps 17 e 18). Mas elas não sabiam, como ainda hoje não sabem, que o “machado de Deus” já está posto em sua raiz (Ver Mt 3.10; Ap 18.2.) 4.13: “Estava vendo isto nas visões da minha cabeça, na minha cama; e eis que um vigia, um santo, descia do céu. ” “...um vigia, um santo”. O presente texto fala de “um vigia, um santo”, isto é, um que é santo. No versículo 13 do capítulo oito deste livro, nos são apresentados dois santos que falam; aqui, porém, somente uma pessoa está em foco. O termo “vigia” se traduz também por “um vigilante” no original, e denota um ser sem corpo mortal, com elevado poder, que nunca dorme, que reconhecemos como sendo o “Anjo do Senhor” ou o próprio Senhor Jesus. Pelo uso da expressão “um que é santo”, subentendemos que a pessoa do Pai também está em foco na presente passagem. (Ver SI 121.) Deus é o “Vigia Eterno” que nunca dorme. Ele nunca se cansa nem se fadiga, como bem pode ser visto em toda a extensão da Bíblia. (Ver Is 40.28.) Aqueles que fazem parte de sua guarda, também não dormem nem de dia nem de noite (Ver Ap 4.8.) 4.14: “Clamando fortemente, e dizendo assim: Derrubai a árvore, e cortai-lhe os ramos; sacudi as suas folhas; espalhai o seu fruto; afugentem-se os animais de debaixo dela, e as aves dos seus ramos. ” “Derrubai a árvore O Vigia Eterno anuncia com grande poder a queda da grande árvore (Nabucodonosor e todo o sistema monárquico por ele criado). Paulo diz em Rm 13.1 e ss que as autoridades são constituídas por Deus; porém, é evidente que Deus exalta e também humilha. “Deus dá, mas também tira”, diz em Jó 1.21. Na Bíblia encontramos vários exemplos de pessoas soberbas que, quando foram elevados, puseram de lado a vontade estabelecida pelo governo geral de Deus. O profeta Oséias descreve sobre Saul o que segue: “Dei-te um rei na minha ira, e to tirei no meu furor” (Os 13.11). O reino da Babilônia cresceu até o céu como diz a profecia divina, mas estando maduro para a ceifa, começou a ser “sacudido” pelos juízo de Deus.

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